A Medtronic, uma das maiores fabricantes mundiais de dispositivos médicos, consolidou sua presença no Brasil a partir da compra da multinacional Covidien (antiga Tyco HealthCare), em uma operação de US$ 42,9 bilhões que foi concluída há menos de um mês. Com a aquisição, a Medtronic, que não tinha fábrica no país, passa a contar com duas unidades fabris ­ uma em São Sebastião do Paraíso (MG) e outra em Ribeirão Preto (SP). E já avalia alternativas de crescimento no mercado brasileiro, via expansão de capacidade produtiva e transferência de tecnologia.


A Medtronic PLC, nome da companhia que combina as operações das duas empresas, teve receita de US$ 28 bilhões no ano fiscal de 2014, tem presença em mais de 160 países e emprega 88 mil funcionários. Somente no Brasil, são cerca de mil empregados. À época da conclusão da compra, o executivo­chefe da Medtronic, Omar Ishrak, reafirmou os planos de investimento de US$ 10 bilhões em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias médicas nos próximos dez anos.
"Apesar do momento econômico mundial mais difícil, a companhia está bem posicionada no Brasil, que oferece mais oportunidades que problemas", diz o presidente da nova operação no país, Oscar Porto, acrescentando que a companhia avalia a possibilidade de expansão ou otimização da produção no Brasil. "A tendência é a ampliação da fábrica e temos também um projeto de transferência de tecnologia", conta.


Conforme o executivo, era desejo antigo da Medtronic, que fornece equipamentos na área cardiovascular (stents, por exemplo), de diabetes (como bombas de insulina) e de próteses, entre outras, ter presença local e ampliar a atuação no mercado brasileiro. Por aqui, 60% das receitas da empresa têm origem na rede pública ­ a companhia é fornecedora de hospitais e centros de saúde que atendem ao Sistema Único de Saúde (SUS).


No ano passado, diz Porto, a despeito do impacto da Copa do Mundo nos negócios no país, a Medtronic cresceu mais de 15% em receita, com desempenho superior à meta (de 15%). Nos próximos anos, o objetivo é alcançar ritmo de expansão de 20% ao ano. "Temos registrado crescimento de dois dígitos e há sete anos ampliamos market share", afirma Porto. Além do maior acesso da população a tratamentos médicos, o fato de novas tecnologias serem introduzidas sem necessariamente resultar em aumento de custos explica esse desempenho, na avaliação do executivo.
"Vamos continuar trazendo novas tecnologias, mas com preços viáveis", diz.
Em 2015, a empresa pretende lançar ao menos seis novos produtos no mercado brasileiro, onde hoje os negócios da área cardiovascular ainda tem peso mais relevante nas receitas. Com a aquisição, a empresa ganhou musculatura na área de tecnologia cirúrgica, foco dos negócios da Covidien.
Segundo Porto, a compra da empresa, que tem maior capilaridade na rede hospitalar, vai abrir portas à Medtronic. "A companhia entende que fabricar equipamentos de forma competitiva é bom, mas sabe que é preciso estar dentro da rede hospitalar", diz. A sede executiva da Medtronic PLC foi estabelecida em Dublin, na Irlanda, onde estava sediada a Covidien.